quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Exposição Mistério dos 7 mares de Igor Giamoniano


Convido a todos a prestigiarem a exposição virtual do artista Igor Giamoniano que sempre contribui com textos e imagens para este blog, a exposição é sobre a visão romantica do artista acerca da pirataria e da vida no mar.

Para ver a exposição clique aqui

Desde sempre o mar nos fascina com suas lendas e mistérios e o personagem que mais nos exerce este efeito com certeza é o pirata. Com seu jeito rude de ser os piratas pilhavam navios mercantes e cidades. A esta vida curta e perigosa se juntavam ex-marinheiros reais, criminosos fugitivos e mulheres de vida fácil em busca de riqueza e aventura. Em “O mistério dos 7 mares” o artista traz para as telas uma visão da pirataria recheada de sentimentalismo, com personagens solitários entregues ao seus próprios devaneios, o artista deixa a cargo do observador interpretar a subjetividade de cada peça.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Contos de Encantaria II - O Violino de Manoel Garcez

Arte: Igor Giamoniano

O Violino de Manoel Garcez 
                                             Por Renata Amaral

Manoel Garcez, o Manoel Piloto, que muitas vezes tocava o violino no Baião do Egito, era bruxo afamado do Igapara, terra onde Pai Euclides abriu seu primeiro terreiro, aos 21 anos. Festeiro e beberrão, tocava violino e outros instrumentos em festas, mas quando queria beber ou descansar, para não parar o baile, pedia ao dono da casa um pano branco, com o qual cobria o violino que continuava tocando sozinho, o arco se movendo sob o pano.

Dizia-se que quem tocava o violino era Alonso, seu diabo particular, que certa vez Manoel fez aparecer a Pai Euclides como um homem de pele azul levemente cintilante e terno caqui. Esse violino foi dado por Manuel Piloto antes de morrer a Corre Beirada, encantado de Pai Euclides, e permanece na casa Fanti Ashanti até hoje. 



Os Encantados
Os encantados são seres invisiveis que podem ser respresentados geralmente pela seguinte classificação:
  1. Seres visiveis somente para certo numero de pessoas
  2. Seres que habitam lugares especificos "encantes", geralmente lugares afastados
  3. Pessoas que viveram e desapareceram misteriosamente "se encantaram", sem morrer
  4. Seres que entram em contato através dos sonhos, em lugares isolados e em rituais e lugares sagrados



No Maranhão o termo encantado é utilizado nos terreiros de mina, tanto nos tradicionais quanto nos mais modernos e nos salões de cura xamãnica sendo recebidos por transe mediunico e só podem ser visualisados por videntes "pessoas que tem a vista forte"
É no Maranhão que funciona as duas maiores casas matrizes de tambor-de-mina a "Casa Grande de Minas" e a "Casa de Nagô" são estes os terreiros base da difusão da encantaria.


 
Fonte: ENCANTADOS E ENCANTARIAS NO FOLCLORE BRASILEIRO1 - Mudicarmo Ferreti


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Conto de encantaria - O navio de D. João

Fazia tempo que eu nada postava mas como canta minha eterna madrinha "filho da mamãe Dita não pode bambear, se bambeia no caminho mamãe Dita vai buscar..." por isso o blog bambeou mas não caiu.

Para voltar com estilo e respeito saudando esse torrão brasileiro a qual tenho orgulho de pisar postarei hoje um conto retirado do encarte do cd "Baião das princesas" um trabalho colectivo do grupo paulista "A Barca" e a Comunidade da Casa Fanti Ashanti do Maranhão.

Arte: Igor Giamoniano


O Navio de D. João

" O terreiro do Egito¹ ficava sobre o Rio Itaqui, porto importante próximo ao mar, numa área de antigos quilombos.
uma das grandes atrações do Baião das Princesas, que deslocava dezenas de pessoas para assistir a festa, era o navio encantado de D. João.  Todo, os anos, esse navio chegava ao Egito no dia 12 de Dezembro, e lá permanecia ancorado, 'a vista de todos, por três ou quatro dias. Sua chegada e partida eram anunciadas pelo vodum chefe da casa e cumprida a risca.
    Na hora anunciada, o navio se aproximava deixando ver em seu interior uma grande movimentação. A distancia era suficiente para se ver a decoração do navio, suas bandeirolas e sua iluminação que chegava a clarear a encosta do terreiro durante a noite. Via-se então pessoas saltando do navio e pegando pequenas canoas a remo, e enquanto essas canoas se aproximavam da margem, a música já soava no barracão e as dançantes iam entrando em transe com os encantados chegados principalmente os nobres, Reis e princesas como D. João e sua família, D. Carlos da Gama, Rei Sebastião, D. Luis de França e Manoel Pretinho, o piloto do navio.
    Ao termino dos festejos, o navio ia embora, mas não se podia vê-lo sumir no horizonte. Ele se afastava cerca de trezentos metros em direção ao mar, e então afundava lentamente nas águas do Itaqui. Sua ultima aparição foi em 1978, um ano antes da extinção do terreiro centenário."

¹ O Terreiro do Egito foi fundado em 1864 por uma africana de Gana.

A encantaria
 A encantaria é uma tradição magica que mistura crenças da cultura popular indígena e europeia mesclados ao catolicismo popular, os cultos afro's e o espiritismo. No seu panteão consta uma variedade de seres como sereias, princesas, Reis, mestres, caboclos, boiadeiros,  etc... Alguns sãos espíritos que viveram a muito tempo e "se encantaram" outros são energias que vivem em um plano vivisivel apenas a alguns mediuns. 
 Por trás da aparente simplicidade a encantaria esconde grandes mistérios transmitidos de geração a geração, de terreiro a terreiro a centenas de anos, os iniciados na arte da encantaria possuem o segredo da manipulação dos elementos alem de possuirem grande afinidade com a natureza pois com ela vivem em constante harmonia. 

 
 A mamãe ta chorando - Casa Fanti Ashanti e A Barca

A mamãe ta chorando por que eu vou me encantar
A mamãe é culpada, da mãe d'gua me levar

A mamãe ta chorando por que eu vou me encantar
A mamãe é culpada, da mãe d'gua me levar

O não chora não chora mamãe 
O não chora não chora papai
A mãe d'gua me leva
A mãe d'gua me leva
A mãe d'gua me traz...




Fontes: 
Comunidade da Casa Fanti Ashanti e A Barca
À sombra da Jurema: A tradição dos mestres juremeiros na Umbanda de Alhandra - http://www.yorubana.com.br/encantados.asp 
Encantaria - Wikipedia -  http://pt.wikipedia.org/wiki/Encantaria

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Feitiçaria

Imagem: A Bruxa                                                              Autor: Igor Giamoniano

Olá! 
fazia tempo que não postava e resolvi deixar um pouco a temática académica para falar de algo polémico... Feitiçaria!
 
Não não! Eu não estou deixando a seriedade desse blog para cair no fictismo de pseudo-umbandistas espalhados por ai.
A verdade é que conheço muitas pessoas que se intitulam bruxos, bruxas, feiticeiros e feiticeiras e também são praticantes da umbanda, inclusive a espíritos que vez ou outra vem nas linhas de esquerda se dizendo também praticantes da arte pagã. Muito se sabe das histórias dos nossos guias principalmente dos exus e pomba giras, a grande maioria em vida foram feiticeiros e seus trabalhos carregam grande influencia da feitiçaria popular, aja visto que um livro muito popular no meio umbandista é o livro de São Cipriano, um livro que reúne uma serie de praticas de feitiçaria medieval ibérica...
Lembremos que a umbanda é uma mistura, uma otima mistura e evolui tanto justamente por isso, a umbanda trabalha com a dualidade perfeita, a harmonia, o positivo e o negativo:
"(...)O mago completo conhecerá de perto o bem e o mal, o primeiro para praticar e o segundo para se proteger(...)" Os Magos - Lord Rochester
 

Feitiçaria
Autor desconhecido


O termo feitiçaria vem do grego farmakía que significa algo como: "manipulação de remédios ou venenos"
O feiticeiro na pratica é um exímio conhecedor das substancias naturais para a cura e a causa de efeitos extrafisicos. 
Há pessoas que consideram a feitiçaria como um género mágico capaz de manipular a realidade física e astral, sendo o feiticeiro um ser de poderes acima da maioria das pessoas.
Para os ocultistas os feiticeiros são cientistas, que em diversas regiões do mundo segundo sua tradições mantém e evoluem a sabedoria alquimista através de praticas que saem fora da ciência comum.
Independemente disso a feitiçaria é uma pratica tradicional que se encaixa em varias culturas e que definitivamente produz resultado.

Catimbó

Culto do catimbó em João Pessoa

O catimbó é uma pratica religiosa exercida no interior nordestino e ao contrario da umbanda não é uma religião e sim um culto que recebe influencia da feitiçaria europeia, da pajelança e do catolicismo popular.
Suas praticas são voltadas mais para a cura porem pratica-se deliberadamente o bem e o mal segundo o julgamento de cada situação.
O catimbó não possui instrumento musical no máximo um tipo de chocalho chamado de cabacinha, é um culto simples feito sempre em lugar aberto, seus materiais sagrados são terços, rosarios de Nossa Senhora, ervas (principalmente a Jurema) cachimbo, imagens de santo, caldeirão e crucifixos... Os espíritos incorporados são chamados de Mestres e Mestras que em vida eram praticantes do catimbó e continuam a pratica após a morte.


 Toada de Mestra Lianôu - Catimbó João Pessoa


Toada de Mestre Penduarana - Catimbó João Pessoa




Resumo

A intenção desse post é apenas despertar o interesse a busca por rituais e praticas que as vezes deixamos de lado, seja na feitiçaria popular, no hermetismo ou na alta magia, a sempre algo em qualquer qualquer tradição oculta que pode nos ajudar a evoluir, alcançar resultados e fazer aquilo que é o nosso maior objetivo, a pratica do espirito para a caridade.

domingo, 20 de junho de 2010

Mediunidade e incorporação na Umbanda

 Quem é o medium?

Medium segundo Allan Kardec é aquele que possui algum poder de ligação em maior ou menos grau com o mundo espiritual. Com a prática e evolução do espiritismo descobrimos e aprendemos que existem diferentes tipos de médiunidade e cada uma tem sua função dentro do trabalho espiritual.


Alguns tipos de mediunidade:

  • Medium de sensibilidade é aquele que consegue sentir a vibração das entidades e identificar sua origem.
  • Medium de incorporação,  é aquele que é tocado e sede sua energia e seu corpo para manifestação espiritual.
  • Mediuns videntes, são os médiuns que conseguem ver o que esta oculto, seja em sonho ou acordado é um tipo de mediunidade mais rara.
  • Médiuns de efeito físico, geralmente sentem o toque a temperatura no campo astral as vezes podem sentir cheiro ou outros efeitos físicos, é um tipo de mediunidade muito rara visto que poucas entidades atualmente se utilizam de efeitos físicos para realizar seus trabalhos.
  • Medium psicografo, geralmente ouve a voz dos espíritos ou mesmo deixa que os espíritos controlem seu pulso para se comunicar através da escrita, alguns chegam a compor obras de arte.
Cada pessoa é um universo complexo e a mediunidade de cada pessoa é diferente e complexa, existem muitos outros tipos de mediunidade e não é raro uma mesma pessoa ter uma combinação de vários tipos, principalmente a medida em que se trabalha e desenvolve seu potencial mediúnico


Mediunidade de incorporação 

  A incorporação é a base da umbanda, as características dos guias que escolhem seus "cavalos" para se manifestarem nos terreiros vem se mantendo e evoluindo a centenas de anos (bem antes de Zélio), porém muitas pessoas, principalmente iniciantes e infelizmente até alguns mais antigos ainda acreditam que se a pessoa não incorporar logo ela não é médium e só servira no trabalho como cambone ou como ogã...
  A verdade é que cada pessoa é um universo complexo, que tem os seus próprios guias que o acompanham a varias vidas, muitos desses guias não são doutrinados e muitas vezes esses médiuns ainda não estão preparados para incorporar, seja por medo, seja por preocupações que atrapalham a sua mentalização de vibrações...
  Todas essas coisas devem ser trabalhadas e identificadas pelos zeladores de santo, o pai e a mãe de santo deve entender e conhecer seus filhos, identificar o que dificulta a passagem dos guias e trabalhar para resolver o problema.
  Hoje em dia já sabemos que todos somos médiuns em maior ou menor grau e podemos trabalhar nossa potência mediúnica com práticas rituais e com uma vida regada aos moldes do princípio espirita.
  Uma coisa pouco observada é que há médiuns que não incorporam por causa do cruzamento de linhas, na sua ânsia por trabalhar logo sua caridade até mesmo por cobrança dos guias, o medium procura um terreiro que o desenvolva logo trabalhando em vários terreiros ao mesmo tempo, o cruzamento de vários mestres espirituais causam uma confusão espiritual na cabeça do medium que em alguns casos podem levar o mesmo a loucura.
  Portanto zeladores, é importante manter seus filhos confiantes e trabalhar sempre com a sua mediunidade seja elas quais forem e caso ele não seja um médium de incorporação, trabalhe com os poderes que ele possui e quem sabe um dia com fé e dedicação ela possa a vir incorporar...

 Pai Fernando medium a 50 anos no terreiro do pai Maneco diz:
"Conheci vários médiuns que faziam parte da corrente e não sentiam a mínima vibração, e após alguns anos tornaram-se excelentes médiuns de incorporação e consulta."

Fontes: 
Pai Fernando - Terreiro do pai Maneco
Livro dos Médiuns - Allan Kardec

terça-feira, 2 de março de 2010

Santa Alexandra de Roma


Paz e luz a todos.

Utilizarei esse post para abrir espaço para o próximo assunto, ainda sobre os santos católicos falarei sobre Santa Alexandra de Roma.

                                             
























Santa Alexandra              Arte: Nikolai Kornilievich Bodarevsky


A Vida da Martír
Santa Alexandra foi esposa do imperador Diocleciano. Presenciou o martírio de São Jorge e penalizada com seu exemplo se assumiu também como cristã. Foi então sentenciada a morte pelo seu marido porêm quando estava caminhado ao local do suplicio, clamou a Deus e este a levou fazendo-a que morre se sem sofrimento.

A reflexão é a seguinte:

Nós, mesmo quando não percebemos, estamos sempre servindo de exemplo as pessoas. Principalmente nós médiuns que trabalhamos na lei de Deus, as pessoas que estão perdidas nos observam tentam se encaixar nos usando como exemplo, porem as vezes não somos dignos nem de receber os iluminados guias que nos utilizam como cavalo para trabalhar à caridade. Nós médiuns devemos ter a consciência que não somos meros instrumentos de Deus, mais somos cumpridores e propagadores da sua lei. 
Não adianta guardar o dia da gira com todas as restrições, chegar no outro dia e encher a cara, brigar com todo mundo ou realizar todo tipo de atitude caótica. Nós somos livres e é nossa atitude segundo a lei da afinidade espiritual que vai atrair os espíritos que iremos servir. 
Pense nisso, com quem você quer realmente trabalhar?
 A atitude devótica de São Jorge atraiu a mesma atitude de uma mulher que escondia a sua fé, falando em esconder a fé... isso é muito tipico de muitos umbandistas, que como eu falei preferem se dizer apenas espiritas. Não ta na hora de dizermos com orgulho que somos umbandistas? Que temos orgulho de trabalhar com os nossos Caboclos, Pretos Velhos, Erês, Ciganos, Boiadeiros, Exús, Pomba-Giras, Baianos, Marinheiros, etc... ? Que temos orgulho dos nossos Orixás, do nossos pais de coroa?
Quantas vezes eu não vejo pessoas que se encantam pela umbanda mas os "filhos-de-pemba" são muito "reciosos" ao falar da sua fé. Lembremos nós que todos devemos ser um pouco martír...

Abraços!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Santa Catarina di Labouré

 Pintura: Santa Catarina de Labouré                Artista: Igor Giamoniano

Paz e Luz a todos

Mudando bruscamente de assunto, gostaria de compartilhar com vocês a história de uma santa que até a poucos dias eu não conhecia.
Santa Catarina de Labouré (se pronúncia Labúrre).

Ganhei da minha mãe a medalhinha de Nossa Senhora das graças, pesquisei algumas coisas e descobri a história de Santa Catarina a santa que mandou cunhar a medalha. Perceba em sua história a relação com a vida do médium e peço encarecidamente para que leiam as entrelinhas.

Santa Catarina di Labouré a médium  humilde e caridosa

Santa Catarina de Labouré nasceu em um pequeno povoado no leste da frança chamado Fain-les-mountier no dia 02/05/1806 exatamente as 18:00, filha do agricultor Pierre Gontar Labouré e de sua esposa Madeleine que ao todo fora mãe de 17 filhos. Catarina no entanto teria um papel de destaque.
    Apelidada de Zoé em razão de ter nascido no dia de São Zoé, (São Zoé é cultuado em algumas regiões de forma não oficial) foi criada com a tradição da fazenda, ajudava nos serviços de casa, tinha uma boa
relação com toda a sua família em especial com sua mãe que desencarnou quando ela tinha apenas 9 anos. Com um vazio grande no coração Catarina, contou que pegou uma imagem da Virgem Maria que ficava acima de sua lareira abraçou-a e disse: "Agora serás minha mãe!".

    Desde os 14 anos mesmo com todo o trabalho na fazenda arrumava tempo para cuidar dos pobres e doentes e já jejuava todas as sextas e sábados.
    Catarina foi crescendo e amadurecendo a sua fé, sonhou 2 vezes com a imagem de um clérigo lhe convocando para sua missão religiosa porem não entendeu os sonhos quando aconteceram.
    Com a aprovação do pai, permanece num internato durante 2 anos, perto de Chatîllon. É aqui na capela das Filhas da Caridade, que descobre quem era o sacerdote que lhe apareceu em sonho:
S. Vicente de Paulo. 
Aos 21 anos entra para a ordem das Filhas da Caridade e então que tem sua primeira visão espiritual que ela
mesmo narra:

"O coração de São Vicente me apareceu três vezes de modo diferente, três  dias seguidos: claro, cor de carne, o que anunciava paz, calma, inocência e união. Depois o vi vermelho cor de fogo, o que devia inflamar a caridade nos corações. Parecia-me que toda a comunidade devia se renovar e se
estender até os confins do mundo. Por fim o vi vermelho-escuro; o que me punha a tristeza no coração; vinham-me tristezas que eu tinha dificuldade em superar. Não sabia porque nem como, essa tristeza se relacionava com a mudança de governo".


    Catarina então buscou auxílio espiritual com seu director espiritual o Pe. João Maria Aladel, que a desencorajou rigidamente. Porem as visões não cessariam, e em 06 de Junho de 1830 teve a seguinte visão:
"Nosso Senhor me apareceu como um Rei, com a cruz sobre o peito, no Santíssimo Sacramento. Foi durante a Santa Missa, no momento do Evangelho. Pareceu-me que a Cruz escorregava para os pés de Nosso Senhor. Pareceu-me que Nosso Senhor era despojado de todos os seus ornamentos. Tudo caiu por terra. Foi então que tive os mais negros e tristes pensamentos de que o Rei da Terra seria perdido [destronado] e despojado de suas vestes reais".
 
    Ainda sim Pe. Aladel se manteve rígido em lhe dizer que suas visões eram meras "ilusões". 7 semanas após essa visão iniciava-se as primeiras agitações da comuna de Paris que culminaram a deposição do Rei Carlos X.




As visões de Nossa Senhora
Em 19 de Julho de 1830, Catarina tem outra visão a primeira em que vê Maria Santíssima, nessa visão extraordinária, as onze e meia da noite seu anjo da guarda que lhe aparece em forma de criança de forma impressionante abre a pesada porta da capela com um toque dos dedos e lhe conduz até o centro
onde esta situada a virgem santa. Maria então lhe revela uma serie de acontecimentos políticos e religiosos que abalariam a história.

A segunda aparição aconteceu em 27 de Novembro de 1830 próximo as 18:00, Catarina então viu a virgem próximo ao quadro de São José com um vestido de seda branco. Com os pés apoiados sobre uma esfera, pisava a cabeça de uma serpente e segurava um globo de ouro, nas suas mãos trazia anéis de pedras preciosas dos quais saiam intensos raios luminosos. A esfera representava o mundo inteiro os raios as graças que Maria daria a quem pedisse. Em dado momento ela viu a expressão: "Ó Maria concebida sem
pecado, rogai por nós que recorremos a vós."


Em razão desta visão Catarina mandou fazer a medalha de Nossa Senhora das Graças que fora distribuída pelos lazaranos  e se proliferou pelo mundo todo.

Catarina então morreu no dia 31 de Dezembro de 1876 e foi canonizada
em 21 de Julho de 1947 pelo papa Pio XII.



Fontes:

 Pe. Hamilton José Naville - Catarina di Labouré a santa do silêncio (História da mensageira da Medalha Milagrosa) - 2009
Fr. Joseph Dirvin - Saint Catherine Laboure of the Miraculous Medal - 1958 
Plinip Maria Solimeo - Santa Catarina Labouré a vidente da Medalha Milagrosa - www.catolicismo.com.br

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Kimbanda

Exú e Pomba Gira                                                                                             Arte: Igor Giamoniano

 Paz e luz a todos
Hoje faproveitando o carnaval, falarei de um tema polemico que nem deveria ser tão polemico assim...
A kimbanda.

Porque as opiniões se dividem tanto?
Muitas vezes por falta de fundamento histórico, a maioria das pessoas respondem o que é a kimbanda na prática através dos mistificadores, outras dão sua própria explicação falando por cima que a kimbanda é de esquerda e a umbanda é de direita (o que de certa forma não esta errado, mais esta
incompleto). A verdade é que a kimbanda é muito mais importante pra umbanda
do que pensa a maioria das pessoas.

Historicamente o que é kimbanda?
Kimbanda é uma palavra bantu que significa apenas Sacerdote, a kimbanda inicialmente era um culto primitivo dessa nação africana aos Nkisis, aos espíritos dos ex's chefes dos cultos (os Tátas) e dos ancestrais
(makungu), em breve resumo ao chegarem ao Brasil os bantus sincretizaram seu culto aos cultos da nação Yorubá relacionando o orixá Exu aos Tátas.
Aos rituais ligados aos tátas os bantus recorriam a Kálunga-Ngonbe o senhor da morte. Para esses rituais os bantus ja há muito tempo utilizavam a pemba (que foi sacralizada a partir do contato dessa nação com os árabes) alem da polvora, bebidas, perfumes (todos conhecidos pelos contatos com os árabes).

A prática ritual da Kimbanda tradicional
O kimbanda (sacerdote) também é um Nganga (feiticeiro) o rito de iniciação do Nganga consiste no mesmo ficar por um período determinado isolado na floresta até que seja manifestado por um espírito, assim que isso acontece a pessoa adoece e começa a ter visões. O Nganga da tribo trata da doença e após a cura a pessoa ganha a capacidade de ver e se comunicar com os seres da floresta.
  - O Muzambo
O muzambo é o método de adivinhação do Kimbanda, no qual ele posiciona uma tabua de madeira chamada muxacato, feito do pedaço de uma árvore mafumeira (ocá) - e o mona - um pauzinho que será esfregado no muxacato, esses objetos são sacralizados previamente amarrados e postos em contato com terra de sepultura e raizes. O Quimbanda então risca com a pemba os simbolos sagrados do muzambo, primeiro traça cruzes nas costas das mãos depois na mona, no muxacato ele fara um risco longitudinal e 3 transversais. Em seguida o kimbanda esfregará o mona no muxacato, ao longo do corpo do consulente fazendo perguntas sobre o problema deste. Se o mona deslizar livremente a resposta é não, se emperrar a resposta é sim.
   - Xinguilamento
O xinguilamento é quando um espírito tenta se manifestar em uma pessoa qualquer, as pessoas próximas a essa então devem chamar um kimbanda que através de um ritual invoca o espirito e verificara a autenticidade do transe passando pela lingua do incorporado uma agulha e uma brasa ardente.
Atestada a autenticidade do transe o kimbanda conversa com o espírito que pode ser um makungu (ancestral) ou divindades especies de catiças dos Nkisis.

Umbanda e Kimbanda: Entre a cruz e a encruzilhada
A Umbanda tem grandes semelhanças aos ritos bantus, o uso de bebida e fumo para magnetização, a incorporação de ancestrais (preto-velhos), a pemba como instrumento ritual, os orixás e os exus são todos elementos que veem dos Bantus sincretizados com os Jéjes. Em meio a isso tudo realizava-se ainda o sincretismo com os santos católicos, os indios e posteriormente o kardecismo francês. Dentro da kimbanda tradicional foi-se então adicionada a moral cristã e indigena, e fora expandida por todo territorio nacional principalmente no Rio de Janeiro de onde veio a consolidação dessa nova religião de unificação de tantos sistemas e culturas na pessoa de Zelio Fernandino de Morais e do espírito do Caboclo das 7 Encruzilhadas.

A Kimbanda hoje
A umbanda unificava os ritos Omolokos e Bantus, porem tais tribos possuíam suas rivalidades, enquanto de um lado estava umbanda, a kimbanda  havia se tornado uma especie de  resistência a essa nova corrente, desapegada as morais cristãs porem não conseguiu se livrar do sincretismo que viria com o tempo, relacionando os tátas, posteriormente exus aos demonios judaico-cristão. Hoje a kimbanda esta banalizada, uma série de pessoas mal-intencionadas praticam magia negra se passando pelo nome de kimbandistas, outras correntes de kimbanda ainda possuem um trabalho mais serio com os exus e pombogiras mais ainda com mentalidade de resistência a umbanda sendo desapegados a moral cristã, deixando a cargo das entidades julgarem por si só o que é e o que não é correto, como descreveu Diana Brown antropologa da Universidade de Indiana "Os Exus parecem afirmar o poder e autonomia do indivíduo e exercer seus próprios interesses em contraponto os interesses e os códigos morais estabelecidos pelo Estado, a sociedade e a família" e muitas vezes cultuando demônios com o auxilio de um manual medieval de
demonologia chamado "Gran Grimorium".

Considerações
Ainda a muito estudo se fazer sobre a formação da umbanda e dos cultos africanos no Brasil, foram anos de marginalização e preconceito, há muitas informações a serem averiguadas e impressionantes relatos de uma época nem tão distante assim.
O ponto mais importante é que a umbanda é uma religião de sincretismo, foi formada dessa forma e dessa forma evolui, por isso vemos por ai tantas correntes, todas com sua forma própria de trabalho e evolução sendo vistoriadas pelos guias no astral. A umbanda sabendo da importãncia dos Exus e Pombogiras os sincretizou em sua gira moralizando os espíritos que se apresentam nessa linha e seguindo a máxima "tudo que esta acima é como o que esta embaixo" mais isso é assunto para outro post.

















Exu 7 Porteiras                                                                                                                Arte: Igor Giamoniano






Fontes bibliograficas:

Seu Osvaldo de Exu Rei (Babalorixá Omotobàtála) - Exu na lei de kimbanda

Diana G. Brown - Social Science Research Concil - Umbanda - American Anthropological Association (1988)

Nei Lopes - Kitábu: O livro do saber Africano - O Universo espiritual dos ambundos (conforme Ribas, 1985)

Alice Webner - África, mitos y leyendas - Mitologia Bantu que influenciou os cultos Afro-Brasileiros

Mário Teixeira de Sá Junior - Entre a Kimbanda e a quimbanda: Encontros e desencontros - Universidade Federal Fluminense

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Sabedoria indigena brasileira

                  O Pajé e o Maracá - Felipe Néry (Óleo Sobre tela)

"Aqui no Brasil não acontece nada por os Guarani ainda estão segurando essa terra,
rezando, implorando a Ñanderu pra segurar de pé esse mundo. E Ñanderu não deixa
acontecer nada. Em outra parte da Terra está acontecendo muito castigo, de fogo
de enchente, de vento forte, não sei quanta coisa; por que isso? Porque lá não tem Guarani."
(Informante Guarani de  Garlet 1996).

Paz e Luz a todos
Fiquei um tempo sem postar, pois estava fazendo uma pequena pesquisa que ainda não dou por terminada acerca da religiosidade indigena. É impressionante a grandeza da espiritualidade dos indios que nós disperdisamos.
Na tenda que frequento antes de começar a gira sempre fazemos uma oração pedindo força e luz para trabalharmos e em dado momento o chefe da casa diz: "Dê a nós o merecimento da verdade..." buscamos sempre tal merecimento, porêm há uma coisa que não devemos fazer, é esperar a verdade "cair do céu". Com certeza nossos guiás nos ajudam e nos conduzem mais só naquilo que ainda não temos meios físicos para descobrir.
Ví a alguns dias atras um documentario da rede cultura sobre o Pajé Sapaim, Pajé que ficou famoso por percorrer o Brasil e o mundo curando doenças e algo me impressionou. O seu ritual de cura, através do charuto é praticamente identico ao utilizado pelos nossos caboclos na umbanda. É obvio, porque os médiuns estão incorporados por espiritos de indios (ou que trabalham com esse método), Porem será que todos os médiuns conhecem o processo que está por trás desse ritual?
Antes de começar gostaria de dizer que algumas partes do conteudo da pesquisa é antroposófica pois achei muito conveniente a coligação entre essa filosofia e o nosso conhecimento antropológico do comportamento indigena no que diz respeito a pajelança.

Cósmologia indigena e sua relação com a tradição esoterica
O alto do Xingú é uma comunidade indigena milenar que sempre se manteve em harmonia, até mesmo promovendo o comércio entre sí, todas as tribos dessa comunidade possuem sua organização diretamente ligada ao mundo dos espiritos e a sua cosmologia. Para os xingúanos Mavutsini é o  Deus criador de todas as coisas, é a força mais poderosa criadora do universo, da terra e das pessoas, "Ele tem um sol em seu peito, mas não é este sol do céu, é outro sol” – dizem. Mavutisni é imagem e semelhança do homem e criou a mulher a partir de um tronco de arvore "mawu" jogou nela determinadas ervas para encantala, depois passou as asas de um mosquito no seu nariz e assim ela espirrou e despertou, após isso seguindo o mito Tupi da criação,  Mavtsini (Monan para os Tupis) mandou que elas se casassem com a raça dos jaguares míticos –seres titânicos muito ferozes, seres do caos. Deste casamento das filhas de Monan com as onças é que descendem todos os homens e mulheres. Por isto temos uma essência divina, Ayvu, e Monan é nosso avô celeste e somos – como dizem os Araweté, “deuses esquecidos aqui na terra”. Por outro lado, todos nós temos “sangue de jaguar”, somos filhos da Onça Primordial, e por isto guardamos parentesco com toda a ferocidade predatória e canibal que a natureza apresenta.¹ Esse mito relembra o evangelho apócrifo de Enoch, e da teologia gnóstica.
Para os indios o corpo não é apenas formado por corpo fisico e espiritual mais pelo Corpo Fisico, um corpo "parecido com o fisico" que se desprende deste após a morte e assombra as pessoas próximo as suas tumbas, o corpo animal(anhangá) e o espirito (mamaé), tal divisão é semelhante a divisão usada nas escolas esotéricas como a Grande Fraternidade Branca e a Rosa Cruz.

                         Kuarup                            foto: Sandra Zaur

Kuarup
A maior festa entre os indios xingúanos é o Kuarup, que reune indios de todas as tribos da região para relembrarem os mortos, o dono do Kuarup deve antes de se iniciar a celebração sair para pescar e ao regressar deve deixar todos os peixes sobre aonde esta enterrado o corpo. Dai para frente os Pajés se reunem e preparam a tribo para a chegada dos espiritos. Transcrevo a narrativa de Agostinho sobre o mito que é lembrado na festa:

"Mavutsinim (o primeiro homem no mundo) queria que os seus mortos voltassem à vida. Foi para o mato, cortou três toros da madeira de Kuarup, levou para a aldeia e os pintou. Depois de pintar, adornou os paus com penachos, colares, fios de algodão e braçadeiras de penas de arara.
Feito isso, Mavutsinim mandou que fincassem os paus na praça da aldeia, chamando em seguida o sapo cururu e a cutia (dois de cada), para cantar junto dos Kuarup. Na mesma ocasião levou para o meio da aldeia, peixes e beijus para serem distribuídos entre o seu pessoal. Os maracá-êp (cantadores), sacudindo os chocalhos na mão direita, cantavam sem cessar em frente dos Kuarup, chamando-os à vida.
Os homens da aldeia perguntavam a Mavutsinim se os paus iam mesmo se transformar em gente, ou se continuariam sempre de madeira como eram. Mavutsinim respondia que não, que os paus de Kuarup iam se transformar em gente, andar como gente e viver como gente vive.
Depois de comer os peixes, o pessoal começou a se pintar, e a dar gritos, enquanto fazia isso. Todos gritavam. Só os maracá-êp é que cantavam. No meio do dia terminaram os cantos, o pessoal, então, quis chorar os Kuarup, que representvam seus mortos, mas Mavutsinim não permitiu, dizendo que eles, os Kuarup, iam virar gente, por isso não podiam ser chorados.
Na manhã do segundo dia Mavutsinim não deixou que o pessoal visse os Kuarup. "Ninguém pode ver" - dizia ele. A todo o momento Mavutsinim repetia isso. O pessoal tinha que esperar. No meio da noite desse segundo dia os toros de pau começaram a se mexer um pouco. Os cintos de fios de algodão e as braçadeiras de penas tremiam também. As penas mexiam como se estivessem sacudidas pelo vento. Os paus estavam querendo transformar-se em gente.
Mavutsinim continuava recomendando ao pessoal para que não olhasse. Era preciso esperar.
Os cantadores - os cururus e as cutias - quando os Kuarup começaram a dar sinal de vida cantaram para que se fossem banhar logo que vivessem. Os troncos se mexiam para sair dos buracos onde estavam plantados, queriam sair para fora. Quando o dia principiou a clarear, os Kuarup do meio para cima já estavam tomando forma de gente, aparecendo os braços, o peito e a cabeça. A metade de baixo continuava pau ainda.
Mavutsinim continuava pedindo que esperassem, que não fossem ver. "Espera...espera...espera" - dizia sem parar. O sol começava a nascer. Os cantadores não paravam de cantar. Os braços do Kuarup estavam crescendo. Uma das pernas já tinha criado carne. A outra continuava pau ainda. No meio do dia os paus começavam a virar gente de verdade. Todos se mexiam dentro dos buracos, já mais gente do que madeira.
Mavutsinim mandou fechar todas as portas. Só ele ficou de fora, junto com os Kuarup. Só ele podia vê-los, ninguém mais. Quando estava quase completa a transformação de pau para gente, Mavutsinim mandou que o pessoal saísse das casas para gritar, fazer barulho, promover alegria, rir alto junto dos Kuarup. O pessoal, então, começou a sair de dentro das casas.
Mavutsinim recomendava que não saíssem aqueles que durante a noite tiveram relação sexual com as mulheres. Um, apenas, tinha tido relações. Este ficou dentro da casa. Mas não agüentando a curiosidade, saiu depois. No mesmo instante, os Kuarup pararam de se mexer e voltaram a ser pau outra vez.
Mavutsinim ficou bravo com o moço que não atendeu à sua ordem. Zangou muito, dizendo: - O que eu queria era fazer os mortos viverem de novo. Se o que deitou com mulher não tivesse saído de casa, os Kuarup teriam virado gente, os mortos voltariam a viver toda vez que se fizesse Kuarup. Mavutsinim, depois de zangar, sentenciou:
- Está bem. Agora vai ser sempre assim. Os mortos não reviverão mais quanto se fizer Kuarup. Agora vai ser só festa.
Mavutsinim depois mandou que retirassem os buracos os toros de Kuarup. O pessoal quis tirar os enfeites, mas Mavutsinim não deixou. Tem que ficar assim mesmo, disse. E em seguida mandou que os lançassem na água ou no interior da mata. Não se sabe onde foram largados, mas estão lá até hoje lá, no Morená."

O Pajé e os mamaés
Uma das coisas que mais me chamou a atenção fora a explicação do Pajé Sapaim sobre os mamaés.
Mamaés são espiritos que podem tomar diferentes formas (onça, beija-flor, cobra, pessoas etc...), cada mamaé tem um determinado arquetipo que se relaciona diretamente com a saude dos vivos. Somente o Pajé vê os mamaés e se comunica com eles através do consumo do charuto. Fumando o seu espirito sai do corpo e ele vai conversar com os mamaés para resolver os problemas. Em alguns casos ele dorme e em sonho os mamaés vem se comunicar.
Para os xingúanos a duas formas de se tornar Pajé, o Pajé mais forte é aquele que é escolhido pelos mamaés em determinado momento da vida, outra forma é você aprender com um Pajé já feito. Em ambos os casos ao se tornar Pajé deve-se abdicar de todas as outras funções na tribo e se dedicar somente a pajelança.
O indio antes de se tornar Pajé passa por um tipo de despertar, uma experiencia de quase morte, onde ele vai ao mundo dos mamaés aprende a pajelança depois volta ao mundo dos vivos. Todo Pajé tem um "mamaé guíá"  é o mamaé que o acompanha desde que ele se torna pajé e o guía em todos os rituais.
O Pajé não é apenas um curandeiro é ele o responsavel pela vida espiritual da tribo, todos os problemas sejam fisicos (auxiliando o erveiro²), espirituais ou emocionais são tratados pelo Pajé que é como um médico, sacerdote e psicólogo.

Música e sua função
A musica indigena é um grande e complexo misterio, por vezes fala de saudade, por vezes de trabalho, algumas vezes não fala nada, são apenas murmurios que são ensinados pelos pajés que recebem a música em sonho. O pajé, como afirma o antroplógo e antropósofo Wesley Aragão de Moraes, copia a música de forma imperfeita como ouve no mundo dos espiritos. Copia tambem os instrumentos como lhe é mostrado pelos mamaés geralmente em sonhos. A música é parte importante no cotidiano indigena para todos os rituais e para "despertar" as ervas. Para os indios as músicas não são criadas por eles e sim ensinadas por forças divinas

Resumo
Como disse Allan Kardec em O livros dos espiritos, o espiritismo ainda esta evoluindo e para que tenhamos um conhecimento espirita pleno, devemos estudar todas as suas manifestações.
Na umbanda trabalhamos com o sincretismo e desde a umbanda tradicional trabalhamos com a pajelança porem as vezes esquecemos de nos aprofundar em algumas coisas. Relembro uma vez em que fui tomar um passe com um baiano e ele me falou: "Vocês tão começando a entender as coisas, tem muita coisa pra vocês entender ainda" devemos sempre nos aprofundar no conhecimento para isso a exemplo dos nossos irmãos do candomblé, devemos respeitar e aprender com nossos ancestrais.





 ¹  Wesley Aragão de Moraes - Medicina Indigena Brasileira: Comparação entre o saber dos Pajés e a medicina antroposófica
² Erveiro é um cargo secundario ao Pajé, responsavel pelo trabalho curativo das ervas.




Fontes Bibliográficas: 
Wesley Aragão de Moraes - Medicina Indigena Brasileira: Comparação entre o saber dos Pajés e a medicina antroposófica - 2009
Deise Lucy Oliveira Montardo - Através do Mbaraka: Música e Xamanismo Guarani (USP) - 2002
George de Cerqueira Leite - Kuarup - 2003


sábado, 30 de janeiro de 2010

Santa Martinha

 
Santa Martinha                        foto: Igor Giamoniano


 Paz e Luz a todos!

Hoje é dia 30 de Janeiro termina o mês do nosso pai Oxóssi, e gostaria de falar sobre essa santa, Santa Martinha.
Eu particularmente gosto muito da história da vida dos santos católicos, são exemplos de vida sofrida guiadas pela fé e a esperança na luz de nosso senhor Jesus.
Todos os que conhecem a doutrina kardecista teêm conhecimento de quantas mensagens de luz que foram deixadas por aqueles que foram santos, mesmo desencarnados são eles Santo Agostinho, Santo Afonso de Liguori, Santo Antonio de Pádua, etc... É triste ver alguns que buscam o espiritismo mais se prendem as amarras do doutrinamento e se recusam a evoluir.

Santa Martinha era filha de um consul romano, quando seu pai morreu devotou sua vida ao cristianismo na pratica da caridade (doando todos os seus bens aos pobres) e da fé (sendo possivelmente uma sacerdotisa de um culto cristão na época), quando as perseguições aos cristãos se tornaram mais ferrenhas, Martinha foi obrigada a renegar o nome de Cristo e prestar culto a Apolo. Negando-se a tomar parte na pratica foi condenada e jogada aos leões, porêm estes se recusaram a atacar (por esta forma Santa Martinha aparece em muitas iconograficas ao lado de um leão). Visto que sua fé era inabalavel mesmo em grande perigo não havia se não outra forma a não ser a decapitação. Diz a lenda que no momento de sua morte, ao invés de sangue do seu corpo jorrara-se leite e é por isso que ela é a protetora das mães que amamentam.

Hoje no seu dia devemos nós espiritas nos lembrar dos leões que temos de enfrentar todos os dias, todas as provações que somos submetidos a testar nossa fé. Muitas vezes vejo umbandistas que não se orgulham de se dizerem umbandistas, se dizem espiritas como um escudo ante preconceito ja que o kardecismo é um pouco mais aceito socialmente, mais se nós mesmos temos vergonha da nossa religião, como podemos exigir que as outras pessoas a respeitem?

Santa Martinha hoje é mais um espirito de luz que se comunica conosco e trabalha junto com as falanges de luz para nossa evolução, respeitemos os nossos guías, respeitemos as almas.

Como disse ainda encarnado o nosso querido Bezerra de Menezes:
"Acredito na ressureição da carne, e os santos para mim são os espiritos que hoje se comunicam conosco, para a nossa evolução dentro da doutrina espirita."

Paz e Luz

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Okê Caboclo

Caboclo Pena Marrom                               Art: Igor Giamoniano


Paz e luz a todos!
Quero utilizar esse post para publicar os ensinamentos deixados por nossos antepassados, mensagens das antigas tribos indigenas,espero que possamos absorver um pouco dessa sabedoria, awê!

"Todas as plantas são nossos irmãos e irmãs, elas falam conosco e se prestarmos atenção, podemos ouvilas" Proverbio Arapho

"Se queremos saber, o conhecimento virá"  Proverbio Arapho

"O homem branco joga veneno nas plantas, a chuva leva o veneno pro rio e mata as aguas, indio então fica prejudicado e homem branco tambêm, parece que homem branco não pensa no futuro" Liderança das tribos indigenas do norte do Acre

"Antes de tudo, o índio precisa de terra." Tribo Xavante

"Guerras vão e vem, mas meus soldados são eternos." Tupac Amaru - Lider guerreiro Inca

"Se você fala com os animais eles falarão com você e vocês conhecerão um ao outro." Provérbio indigena norte americano

"O que é o homem sem os animais? Se todos se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito." - lider Seattle

"Quando a terra estiver doente, os animais sumirão quando isso acontecer, Os Guerreiros do Arco-irís virão salva-los" - lider Seattle 

"Todo animal sabe mais do que você" Proverbio Nez Perce

"A paz não é somente ausencia de guerra; enquanto houver pobreza, racismo, descriminação e exclusão difícilmente poderemos alcançar um mundo de paz." - Lider Maya

"A inveja é um cupim que corrói e consome as entranhas do invejoso." Pachacútec - lider Inca

"Seu primeiro professor esta dento do seu coração"   Provérbio Chayenne

"Cuidado com o homem que não fala, assim como como o cão que não ladra." Provérbio Chayenne

"Se um homem é tão sábio como uma serpente, ele pode dar ao luxo de ser tão inofensivo como uma pomba" Provérbio Chayenne

"Ousa ou sua lingua o mantera surdo" Proverbio Cree

"Ande lentamente na primavera, é quando a mãe terra esta gravida" Provérbio Kiowa

"Na morte, eu nasci" Provérbio Hopi

"Perca seu temperamento e você perde um amigo, minta e você se perde." - Lider Hopi

"Seremos reconhecidos para sempre, pela trilha que deixamos." Proverbio Lakota

"Faça perguntas ao seu coração e ele mesmo responderá" Provérbio Omaha

"Semeie sabedoria e não conhecimento, conhecimento é sobre o passado e sabedoria é sobre o futuro" Provérbio Lumbee

"Você não pode vislumbrar o futuro com lagrimas nos olhos" Provérbio Navajo

"Partilhar e dar, esses são os caminhos para Deus" Provérbio Sauk

"Aquele que quer fazer grandes coisas, não deve fazer sozinhos" Provérbio Seneca

"Nós somos apenas crianças na teia da mãe céu" Provérvio Shawnee

"Não brigue com ninguem pela sua religião, respeite a visão dos outros e exiga que eles respeitem a sua"  Tecumseh - Lider Shawnee

"Nós viemos da mãe terra e para a mãe terra voltaremos" Provérbio Shenandoah

"Aquele que tem um pé no barco e outro na canoa, vai cair no rio" Provérbio Tuscarora

"O homem tem responsabilidades e não poder." Provérbio Tuscarora

"Não estamos mortos quando vivemos no coração de quem deixamos para trás" Provérbio Tuscarora

"Deus da a cada um de nós uma canção" Provérbio Ute

"Não ande atrás de mim, eu não sou seu condutor. Não ande na minha frente, eu não sou seu seguidor. Caminhe ao meu lado para que sejamos iguais." Provérbio Ute

"O homem forte, caminha com virtuosidade" Provérbio Zuni

"O homem deve fazer suas próprias flechas" Provérbio Winnebago

"Irmão, vocês dizem que a apenas um jeito de servir o Grande Espirito, e que deve háver apenas uma religião, então porque o seu povo briga tanto por isso? É porque nem todos concordam com o que está escrito no seu livro?" Lider Seneca





domingo, 24 de janeiro de 2010

Okê Caboclo


 Cabocla Coral da mata                                  Art: Igor Giamoniano

 Paz e Luz
Ainda tratando o assunto de  caboclos vou falar um pouco de como eles se comportam na gira de umbanda. Assim como as outras entidades, o fato de se apresentar como índio não quer dizer que a entidade em sua ultima vida tenha sido um índio (apesar de que a grande maioria afirma isso).
Alguns espiritos apenas se apresentam nessa linha por forma de evolução dentro das leis de umbanda. É muito possivel que algum outro tipo de espírito venha utilizando dos meios de um índio porque acha nescessario se apresentar desta forma.    

Os caboclos são especialistas nos trabalhos com ervas, trabalham com charuto para ajudar a aproximar os mediuns e as pessoas da assientencia a sua vibração, tambem usam o charuto para descarregar.  
Há discussões sobre a vibração dos caboclos regidas pelos orixás apesar de hoje em dia ser consensso que eles não veem apenas na linha de Oxóssi, mais dentro das 7 linhas como as outras entidades.
Os caboclos sempre perdoam os erros dos seus aparelhos mais sempre exigem uma moral rigida dos seus médiuns. Não gostam de falar sobre suas vidas quando encarnados e são totalmente voltados ao trabalho no astral.
Os caboclos são sempre sinceros, rigidos, duros quando nescessário mais sempre amorosos. São companheiros e nunca descansam até que o trabalho esteja terminado.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Okê Caboclo
























Indio Shawnee                                         Art: Igor Giamoniano


Antes de  ontem, 20 de Janeiro foi dia de Oxóssi, o caçador das almas e chefe de todos os caboclos. Oxóssi esta relacionado com a busca pelo conhecimento, a arte, também é nosso guiá na busca da ciência. Na história Oxóssi era irmão de Omolú-Obaluayê e filho de Yemanja. Possuia o conhecimento da caça e dos espíritos da floresta.  Quando buscamos Oxóssi buscamos um guia na mata obscura que é o mundo do conhecimento espiritual, ele então é a nossa luz que vai nos conduzindo pela mata virgem. Okê Cabloco!


As oferendas de Oxóssi na umbanda variam em cada casa, mais em maioria são velas verdes, vinho tinto, flores do campo e frutas verdes e suas entregas são feitas nos bosques e florestas.
Deixo para finalizar este post uma mensagem passada pelo caboclo Ubiratã curta e de grande significado:

"Todos meus filho, precisam de paz pra firmar a cabeça em um bom caminho, precisam ter fé no pai maior
pra ele te guiar, precisa ter calma porque só a calma da serenidade pra analisar as situações de forma correta."  (escrevo de forma compreensível a todos).